25 abril, 2011

Doença Celíaca e Adolescência

A doença celíaca é uma enfermidade geneticamente determinada, decorrente de alteração imunológica, causada por sensibilidade permanente ao glúten, e que afeta, primariamente, o trato gastrintestinal. Caracteriza-se por inflamação crônica da mucosa do intestino delgado, que pode levar á atrofia das vilosidades intestinais e má absorção alimentar. Essa moléstia apresenta variadas formas clínicas, que podem ter seu início na infância, adolescência ou na vida adulta.


A adolescência é uma fase delicada e problemática para o sujeito com doença celíaca. A puberdade consiste de um momento crítico durante o qual os meninos e meninas tendem espontaneamente a separar da própria família e procurar refúgio com outros adolescentes. É a idade da identificação. O desejo de independência típico do adolescente pode traduzir-se na exigência de gerenciar ele próprio a sua dieta. A falta de controle de um adulto pode desencadear uma transgressão alimentar, facilitada pela necessidade de consumir alimentos iguais aos dos outros adolescentes e ao fato de que a ingestão de uma pequena quantidade de glúten não desencadeia sintomas a curto prazo.


Como podemos sensibilizar o paciente adolescente?

Nós devemos colocar para os pacientes as conseqüências que eles sofrerão caso não realizem a dieta isenta de trigo, cevada, centeio e aveia. O não cumprimento do tratamento acarretará num atraso da menarca ( primeira menstruação) para as meninas, infertilidade, retardo no ritmo do crescimento e nas mudanças do corpo e diminuição dos minerais dos ossos em 80% a 100%. A probabilidade de adquirirem um câncer (linfoma) é duas vezes maior em relação a população geral, assim como a ocorrência de problemas neurológicos (formigamento, não sente o toque ou temperatura) e diminuição do baço, perdendo a importante defesa contra infecções graves.


Estudos recentes mostram que 15% a 40% dos adolescentes não realizam a dieta corretamente e os fatores que influenciam positivamente para a adesão da dieta é sobretudo ter um conhecimento da doença, acompanhamento médico e que o grau de instrução, o nível sócio-econômico não influenciaram na adesão ao tratamento. Por isso a importância de manter a Associação dos Celíacos, que esclarece sobre a doença, luta pela melhoria de qualidade de vida e o paciente identifica-se com outros celíacos, não se sentindo como um estranho fora do ninho.


Dra.Jaqueline Ratier

Gastroenterologista Pediátrica



Fonte: http://www.acelbra-sc.org.br/jaqueline.htm

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